Significado de Limbo
No exterior de algo; margem, borda, rebordo.
[Por Extensão] Perda de memória; esquecimento.
[Astronomia] Num astro, a circunferência ou contorno localizado na região exterior.
[Física] Contorno do instrumento cuja medida pode ser circular ou semicircular.
[Informal] Local em que são colocadas coisas sem utilidade.
Etimologia (origem da palavra limbo). A palavra limbo deriva do latim "limbum,i", que significa orla, borda, barra de vestido.
Sinônimos de Limbo
Fonte: Pinterest
Se eu pudesse escolher uma palavra para definir os últimos 20 dias seria limbo. Acima estão algumas definições que achei no Google e, realmente, se encaixam no estado em que me encontrava.
Na última edição da News já estava vivendo o início da fase do limbo e depois me adentrei de vez. Acredito que essas fases acontecem e se repitam durante toda a vida, não foi a primeira vez e não será a última, mas foi, talvez, uma das mais intensas.
É aquele momento em que você se sente presa, estagnada, sem forças pra fazer qualquer coisa, sem entender como vai conseguir levantar da cama e sobreviver aquele dia que parece ser eterno.
Numa das definições acima, as de Astronomia e Física, ambas se referem como circunferência, contorno de um instrumento cuja medida pode ser circular ou semicircular, e era exatamente essa sensação que eu tinha dos meus dias, de estar vivendo e andando em círculos, dando voltas e voltas sem sair do lugar.
Quando me encontro nesse círculo do limbo eu, que já questiono tudo mentalmente, triplico minhas questões, escolhas, indecisões, coloco tudo na mesa, vejo se alguma coisa faz sentido e fico dando voltas e voltas, obviamente numa perspectiva ruim, sendo a pior juíza de mim mesma. Graças a evolução humana existe a Terapia, sempre defenderei de que todos precisam fazer, como é essencial.
Não vou iludir ninguém e dizer que acordei num dia e simplesmente o limbo havia ido embora. De que uma rotina regrada com exercícios e alimentação saudável me fizerem sair da zona do limbo, de que livros de autoconhecimento, produtividade, hábitos e etc me despertaram. Acredito em tudo isso, tento viver ao máximo todo esse conjunto no meu dia a dia, tenho e já li vários livros desses, amo exercício físico e alimentação saudável, mas às vezes esse combo todo não é o suficiente.
Mas posso dizer aqui que acordei sim, um dia, e me encontrei de frente com o limbo, conversei com ele e entendi que ele faz parte da minha vida. A minha busca incessante por um equilíbrio coerente, consciente e perfeito não existe, não é novidade para mim que ele não existe, mas acho que é a primeira vez que entendo que ele não vai existir e fiquei em paz.
Aceitei que não tenho controle da vida, que nem todas as escolhas serão assertivas e, mesmo as escolhas mais assertivas não me levarão para onde quero ou idealizo.
Que por mais que eu tente entrar apenas em mar calmo, furar aquela onda pequena, o mesmo mar que antes estava calmo vai trazer aquela onda gigante e vai me sacudir, me virar de ponta a cabeça, me deixar sem norte, mas depois vai me empurrar até a superfície e vou acabar na areia. Toda descabelada, sem biquini, lotada de areia, desnorteada, mas vou parar ali, de volta na areia. Talvez não a mesma pessoa, ou talvez a mesma só que revirada.
E é exatamente essa sequência de ondas, mudanças de marés, ventos e estações que fazem da vida e de nós essa incoerência mais coerente de todas. Não saber o que está por vir, não saber quem somos, tudo o que podemos ser e não ser, o que vai ou não acontecer é a maior beleza que pode existir e, a meu ver, o maior desafio.
Vídeo que fiz na Praia de São Pedro, Litoral Norte de São Paulo.
Entender que a vida, que nós simplesmente estamos aqui para ser e viver é tão simples quanto complexo. Como vou dar conta? Como vou escolher? Como vou ser? Como vou aceitar? Como não vou aceitar?
Não sei.
E o não saber às vezes é a nossa maior liberdade.
Aceitei também que todos os meus lados, todas as Anas, que na edição #1 introduzi aqui, são versões que posso escolher viver quando a onda do limbo vier mais forte, quando o não saber ficar difícil demais.
Por exemplo, a versão Ana que ama se cuidar, ser mulher, extremamente vaidosa, que ama maquiagem, skincare, fazer a unha, ir ao salão, vestir um bom look é uma das minhas favoritas. Ela me acolhe tanto, me faz me sentir tão eu, tão feliz comigo mesma, com a minha aparência, realça aquilo que tenho de melhor, me ajuda a me erguer quando entro na rotina puxada do dia a dia, me faz ter momentos tão exclusivos comigo mesma. Eu amo essa versão Ana.
Também amo a versão Ana que lê, que ama livros e livrarias, literatura, que gosta de estudar, que ama cinema, documentários, conversas profundas, questionamentos, que olha para os outros e procura fazer sua parte para melhorar um pouco o mundo complexo em que vivemos.
A versão Ana que ama cuidar da casa também tem seu lugar, como amo quando ela consegue executar seu checklist mental e deixar a casa organizada do jeito que ela gosta, precisa e se sente acolhida.
Acho que, pela primeira vez, estou abraçando de vez todas as Anas e não escolhendo uma ou outra. Pela primeira vez não estou dando juízo de valor dizendo que uma é fútil, que a outra é mais correta, que a outra é chata, que a outra é melhor, não, todas são únicas, e todas são quem me fazem ser a Ana.
Fonte: Pinterest
Todas me ajudam a seguir em frente, a viver vidas diferentes no dia a dia, estão ali para mim e por mim, é só eu escolher. Tê-las a minha disposição me faz ter força e coragem de não desistir, de não achar que o mundo é sem jeito, que eu e as pessoas somos ruins. Sim, o mundo é caótico, o ser humano é complexo, mas estamos aqui, estamos vivos, fazemos escolhas, temos oportunidades, temos vida e eu acredito que tem algum motivo para isso. O motivo em si não sei se me cabe descobrir, mas me cabe viver.
Me cabe viver minhas versões, abraçar todas elas, escolher qual que quero ser hoje, qual que serei amanhã e entender que elas estão comigo, que não estou sozinha e que, com elas, consigo seguir.
Eu e todas as Anas que existem em mim são a minha melhor companhia, são minhas melhores amigas, meu abrigo, minhas diversas possibilidades de vidas.
Se alguém, algum dia já se sentiu no meio da tempestade do limbo deixo aqui a minha dica: olhe para suas múltiplas versões, suas múltiplas possibilidades de ser, suas chances de seguir para diversos caminhos, não apenas fure a onda, mas entre nela, se torne ela, fique imersa no oceano de versões de você mesma, deixe a onda te levar, te sacudir, te virar de ponta a cabeça. Talvez isso te dê um empurrãozinho para seguir em frente e te levar de volta para a areia.
E também se abrace no dia em que não der pra seguir tão em frente, que dê pra ir apenas tropeçando, se apoiando em corrimãos, deixando a onda te dar aquela rasteira e te sacudir feito um liquidificador, não tem problema também. Tem momentos em que só precisamos ser levadas por uma soca da vida.
Entendo hoje que o importante é irmos, de alguma maneira, de encontro a nós mesmas e, por mais difícil que as vezes seja, não nos julgar e nos abandonar. Viver nos nossos próprios oceanos, navegar nas nossas marés, seguirmos de acordo com nossos ventos e abraçar nossas tempestades.
Somos o que temos de melhor para nós mesmas, somos nossas melhores amigas, companheiras, somos todas as nossas versões, e que bom por isso.
Um beijo,
Anas.